13 novembro, 2006
Mais de 400 acionistas compareceram e se frustraram
A Assembléia Geral Extraordinária (AGE) da Telemar convocada para esta terça-feira, 13/11, para votar a reestruturação societária da companhia não reuniu apenas executivos engravatados.
Compareceu à reunião muita gente pobre e humilde, que adquiriu ações da empresa há muitos anos, comprando linhas telefônicas no período pré-privatização do Sistema Telebrás. Ao todo, mais de 400 pessoas marcaram presença.
Para comportar tanta gente, a AGE foi transferida para a casa de espetáculos Scala, que fica a um quarteirão de distância da sede da Telemar, no Leblon, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro.
A maioria dos acionistas foi informada sobre a AGE através de uma carta enviada pela companhia. Ao todo, a Telemar mandou 800 mil correspondências para seus sócios. A empresa também oferecer um telefone 0800 para tirar dúvidas sobre a reestruturação, tendo recebido em média 5 mil ligações por dia.
Apesar disso tudo, muitas das pessoas que compareceram à AGE não sabiam exatamente qual era a razão de estarem ali. “Tenho mil ações preferenciais. Não sei o que é essa reestruturação. Não faço a menor idéia. Vim aqui para entender”, disse Maurineide dos Santos, datilógrafa desempregada moradora da Pavuna, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro.
Muita gente compareceu porque achava que poderia vender suas ações e ganhar algum dinheiro.
A AGE fora convocada para acontecer às 10h. A princípio, a Telemar concedeu meia hora de tolerância antes de fechar as portas. Cerca de 20 acionistas ficaram de fora e protestaram. “Na carta que me mandaram não dizia qual seria o tempo de tolerância”, reclamou uma senhora chamada Maria da Graça, que adquiriu as ações em 1975, junto com uma linha da antiga Telerj.
Diante da indignação do grupo de acionistas barrados, a Telemar voltou atrás, abriu as portas novamente e deixou-os entrar. Quem chegou depois disso ficou mesmo de fora. Foi o caso de Elizabeth dos Santos, uma desempregada de 47 anos, moradora de Jardim Sulacap, na zona oeste do Rio de Janeiro, que anda de muletas.
Um pouco depois do meio-dia, as portas do Scala se abriram para a saída dos acionistas. Como não foi atingido o quórum de 50% das ações preferenciais, a AGE não foi instalada.
Muita gente estava revoltada com o tempo perdido. Algumas pessoas vieram de outras cidades, como Salvador e Brasília, somente para participar da assembléia. Muitos disseram que não voltarão nas próximas convocações.
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