14 novembro, 2006
Robô inteligente é resultado natural da evolução das espécies.
Se no futuro seres dotados de inteligência artificial olharem para o passado, é provável que equiparem Charles Darwin ao norte-americano Ray Kurzweil. Enquanto o primeiro afirmou que descendemos dos macacos, Kurzweil prevê que nossa evolução biológica e tecnológica dará origem a uma super-espécie, que vai turbinar a natureza humana com a velocidade da luz dos microprocessadores. Espécie que vai abrigar tanto homens com computadores implantados no corpo quanto robôs inteligentes, criados a partir da genética humana.
Semana passada, o cientista e inventor Kurzweil fez uma palestra virtual em São Paulo e deu entrevista ao Link. Um desavisado que entrasse no teatro da PUC durante a conferência demoraria a perceber que Kurzweil estava nos EUA. Na apresentação, que usou um equipamento chamado Teleportec, sua imagem aparecia em tamanho natural, como uma holografia projetada no palanque dos palestrantes. Só chegando perto, ou quando a conexão engasgava, percebia-se o truque.
A apresentação fez parte do Simpósio Fiat 30+, que comemorou três décadas da empresa no Brasil. O efeito era tão interessante que um jornalista que subiu ao palco para entrevistar Kurzweil - que também podia ver e ouvir a platéia- começou fazendo mais perguntas sobre o Teleportec do que sobre seus livros, como o bestseller The Age of Spiritual Machines: When Computers Exceed Human Inteligence, de 1999.
Mas no que as idéias de Kurzweil diferem dos escritores de ficção científica que falam sobre máquinas inteligentes? Para começar, ele é um dos principais inventores dos EUA. Entre suas criações estão o sintetizador eletrônico, o scanner, os programas de reconhecimento de escrita e o software de reconhecimento da fala. O homem foi até condecorado pelo presidente Bill Clinton.
Suas teses se baseiam nas mais recentes pesquisas, da biotecnologia à nanotecnologia. E suas previsões utilizam modelos matemáticos que projetam para o futuro as mesmas taxas de miniaturização de componentes eletrônicos e desenvolvimento de software que a indústria vem obtendo há 50 anos. No final dos anos 80, por exemplo, ele previu a explosão da internet na década seguinte. Por essas e por outras, é preciso cuidado antes de classificar suas déias como mera ficção.
Estadao.com.br
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