09 novembro, 2006
Pesquisa diz que 67% da população nunca acessou internet
Um total de 54,4% da população brasileira nunca usou um computador e 67% nunca navegou na internet. Essa estatística foi divulgada nesta quarta-feira (8/11) pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto br (NIC.br), entidade ligada ao Comitê Gestor da Internet (CGI) no Brasil, com base na 2ª Pesquisa Sobre Uso da Tecnologia da Informação e da Comunicação no Brasil, a TIC Domicílios 2006.
Realizada entre os meses de julho e agosto deste ano em todo o território nacional, o estudo apresenta os números referentes ao acesso às tecnologias de comunicação e informação em domicílios, o acesso individual a computadores e à Internet, atividades desenvolvidas na rede e acesso sem fio.
A novidade este ano foi a inclusão de indicadores específicos sobre banda larga e a ampliação do módulo que investigou habilidades para o uso do computador e da Internet. Para compor a análise foram feitas 10.510 entrevistas na zona urbana das cinco regiões do país.
Isso equivale a dizer que a pesquisa teve uma abrangência de 10.407.600 domicílios pesquisados, de um total de cerca de 53 milhões de domicílios existentes no país.
A constatação, segundo Rogério Santanna, do ITI da Casa Civil e conselheiro do CGI.br, é que quatro fatores chaves pesam para essa baixa penetração de computadores e uso de internet:
a baixa renda da população, a falta de educação, idade da população e localização geográfica.
O acesso a computadores e a serviços de Internet continua se concentrando nas grandes regiões metropolitanas, em famílias mais ricas e com nível de escolaridade mais alto.
"Nossas desigualdades sociais se reproduzem na pesquisa, mas já podemos notar alguns avanços com relação aos resultados do ano passado", afirma Santanna, destacando que a pesquisa aponta o aumento na posse de computador em famílias de classe B e C (motivada pelo programa PC para Todos), uma melhora na qualidade do acesso doméstico, assim como o aumento no uso de centros de acesso público pagos, como LAN houses.
"Mas ainda precisamos desenvolver políticas públicas diferenciadas para estimular o uso da Internet nas classes D e E", completa.
Crescimento do celular
Abrangendo também a posse de aparelhos mais convencionais como TV, telefone fixo e celular, a pesquisa mostrou que 97% dos domicílios têm aparelhos de televisão e 49,7% contam com telefone fixo. O telefone celular foi o que mais apresentou crescimento nesta categoria: passou de 61% do total de entrevistados que possuíam o aparelho em 2005 para 68% em 2006.
Houve um aumento na presença de computadores nos domicílios, passando de 16,6% em 2005 para 19,6% em 2006. As regiões Sul e Sudeste ficam acima da média nacional, com 25% dos domicílios com acesso ao equipamento. Já as regiões Norte e Nordeste ficam bem abaixo, com 10% e 8,5%, respectivamente.
No aspecto do uso do celular, 88,6% são pré-pagos. O crescimento do uso de envio de mensagens de 2005 para 2006 foi de 42,3% para 60%; baixar música e vídeo cresceu de 8,6% para 13%; fotos de 4,1% para 11,4% e acessar internet de 5,4% para 7%.
A internet está presente em 14,5% dos domicílios pesquisados em 2006, número que apresenta uma tendência de crescimento tímida em relação a 2005, quando se registrou 13%. Novamente a classe social influencia: quanto maior a renda, a classe e a escolaridade, mais alta é a proporção de pessoas que possuem acesso doméstico. "A principal justificativa entre aqueles que não dispõem de acesso à internet em casa é a falta de computador, o custo elevado desse equipamento e do acesso", diz Santanna.
A TIC Domicílios 2006 mostra que o tipo predominante de conexão nos domicílios é o modem dial-up, com 49,06%, seguido por acesso por XDSL com 28,64%; por satélite, 0,77%; por cabo 6,11%, rádio 4,83% e outros 1,68%. Novamente o alto custo desse tipo de acesso é o fator que impede o seu uso em grande escala no país.
Uso
Entre aqueles que utilizaram a Internet nos últimos três meses (27,8%), o local predominante de acesso à rede é a própria casa, com 40%, seguido pelo centro público de acesso pago, como as LAN houses (30%), e o trabalho, 24,4%.
Também nota-se que o incremento do acesso em centros públicos pagos se deu principalmente nas classes C (que passou de 19,55% em 2005 para 35,54% em 2006) e D e E (que passou de 30,02% em 2005 para 48,08% em 2006). Um dado interessante é que apenas 36,8% dos que já utilizaram computador declaram que a habilidade que têm com informática é suficiente para conseguir um emprego.
Metodologia
A metodologia da pesquisa seguiu o padrão internacional da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Instituto de Estatísticas da Comissão Européia (Eurostat), permitindo a comparabilidade internacional. As amostras probabilísticas de cada pesquisa foram desenhadas de forma a apresentar uma margem de erro de no máximo 1,5% no âmbito nacional e de 5% regionalmente.
Os demais módulos da pesquisa TIC Domicílios 2006 serão divulgados no início de 2007, sendo eles: governo eletrônico, segurança na rede, uso do e-mail, spam e comércio eletrônico. A TIC Empresas 2006, destinada à análise do uso destas tecnologias em empresas, também será divulgada no início do próximo ano.
Os dados completos da pesquisa estão disponíveis em http://www.nic.br/indicadores.
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