26 outubro, 2006

EUA evitam ceder controle da internet

O grupo das Nações Unidas (ONU) criado especificamente para debater o controle da internet inicia a sua primeira reunião na próxima segunda-feira com mais de 80 países. Na agenda há vários assuntos, menos o controle da rede, hoje nas mãos dos Estados Unidos. O grupo foi criado em 2005, depois que a Conferência Mundial sobre Informação, em Túnis, não conseguiu chegar a um consenso sobre a administração da rede. O Brasil liderou os países que queriam o fim do monopólio americano e conseguiu a criação do grupo da ONU para debater o tema. Com 1 bilhão de usuários, a internet é cada vez mais um tema político. Em 2005, Brasil, Índia e China apelaram para o fim do controle americano, exercido por meio da Icann, na Califórnia. Washington recusou a proposta alegando que a interferência política poderia retardar o desenvolvimento da web e permitir que governos como o da China imponham a censura. A solução foi criar o grupo de trabalho que, por cinco anos, deveria analisar a situação e recomendar ações à ONU. Na época, o Brasil declarou que a decisão era uma vitória, já que permitiria que o tema fosse mantido na agenda. A Casa Branca também cantou vitória. Mas, em sua primeira reunião, que ocorrerá na Grécia, fica claro que a resistência americana é mais forte do que se previu. Indagado pela reportagem do jornal O Estado de S.Paulo sobre o motivo da ausência do assunto, Markus Kummer, coordenador do Fórum, explicou que não havia consenso no grupo. "Achamos que não seria produtivo tratar disso agora; poderia frustrar o êxito da reunião." Para representantes brasileiros, o que ocorreu foi a oposição de representantes do setor privado e do governo americanos. A esperança é que o tema seja tratado na segunda reunião do grupo, no fim de 2007, no Rio de Janeiro. Kummer não dá nenhuma garantia de que isso ocorra. Promessa No mês passado, os americanos anunciaram que começariam a relaxar o controle sobre a rede e em 2009 poderia se desassociar da Icann. A Comissão Européia até celebrou a notícia. Os países emergentes foram mais cautelosos porque não foi a primeira vez que isso ocorreu. Além disso, outro acordo fechado entre o Congresso americano e a Icann estipula que o contrato pode ser renovado até 2011. "Ninguém sabe exatamente o que vai ocorrer", alertou um diplomata em Genebra. Sem o principal tema na agenda, o grupo tratará da segurança da rede: como lidar com spans, diversificar seus idiomas e reduzir os custos de conexão, principalmente para os países mais pobres. O Brasil se queixa de que o sistema cobra e-mails não apenas enviados por países pobres, mas também para que recebam, já que os servidores estão localizados nas economias ricas. "Há 5 bilhões de pessoas sem acesso à rede, sobretudo nos países em desenvolvimento", disse Kummer. A Icann marcou a sua conferência anual para São Paulo, em dezembro.

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