16 novembro, 2006

Acesso à Wikipedia é liberado na China após um ano de bloqueio

O acesso à enciclopédia online Wikipedia voltou nesta quinta-feira a ser permitido na China depois de um bloqueio que durou mais de um ano, em decisão elogiada pela organização Repórteres sem Fronteiras, que defende a liberdade de imprensa.

A página de entrada da versão chinesa da Wikipedia (zh.wikipedia.org) voltou a estar disponível, e as buscas por termos apolíticos estão liberadas, ainda que buscas envolvendo assuntos considerados como tabus pela liderança comunista chinesa, a exemplo de "4 de junho", continuem bloqueadas.

O dia 4 de junho de 1989 foi a data em que as forças armadas chinesas reprimiram com grande violência um movimento estudantil em favor das mudanças políticas, cujo centro de atuação era a praça Tiananmen, em Pequim. A resposta militar causou a morte de centenas e possivelmente milhares de manifestantes. O incidente continua a ser um dos temas mais sensíveis na mídia do país, controlada pelo Estado.

A China rotineiramente bloqueia o acesso a sites que considere subversivos e filtra páginas da Web que contenham termos considerados politicamente delicados.

Não se sabe exatamente por que a Wikipedia, bloqueada desde outubro de 2005, voltou a ser liberada.

Uma porta-voz do Ministério do Exterior da China disse não estar informada sobre questões referentes à Wikipedia, mas acrescentou que a China apóia o desenvolvimento da Internet e tem no momento 123 milhões de internautas, o que a torna o segundo maior mercado mundial online.

"Nós administramos a Internet de acordo com as nossas leis e regulamentos. Trata-se da prática usual em todos os países do mundo", disse a porta-voz Jian Yu em entrevista coletiva.

Os grupos de defesa da liberdade de expressão acusaram empresas ocidentais de comprometerem seus princípios ao acatarem censura a resultados de buscas e blogs, com o objetivo de manterem seus negócios na China.

Mas a Repórteres Sem Fronteiras informou que o exemplo da Wikipedia, cujo fundador, Jimmy Wales, pregou uma estratégia de paciência no relacionamento com as autoridades chinesas, demonstrava que, se uma organização estrangeira se mantivesse firme, Pequim terminaria por ceder.

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