18 outubro, 2006

Tribunal de Contas do Paraná dispensa Linux e aposta em Windows

Apesar da intensificação da adoção de plataformas de código aberto em diversas instâncias de governo – especialmente motivada pela necessidade de corte de custos no poder público – não são poucos os órgãos que resistem a caminhar em tal direção. E em boa parte deles, as justificativas para não aderir a onda pouco tem a ver com ideologias ou restrições quanto à disponibilidade de suporte. Os motivos são encontrados na ponta do lápis.

Este é o caso do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), que há um ano utiliza plataforma Microsoft como base para o Portal do Controle Social. A página na internet tem como objetivo divulgar orçamentos, gastos e outros dados sobre o uso de recursos públicos por parte dos municípios do Estado. Fruto das exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal, criada seis anos atrás, o portal começou a testar novas plataformas em 2003 com a intenção de melhorar a qualidade da integração das informações.

Segundo Tatianna Cruz Bove, da 6ª Inspetoria de Controles Externos do TCE-PR e responsável pela área de TI na ocasião, a tendência natural seria a migração para o software livre, mas após um levantamento, ficou constatado que a alternativa mais econômica estaria em manter a base e reforçar o conhecimento dos sistemas já existentes.

“Parte da equipe já tinha conhecimento da linguagem .NET. Fizemos um estudo e comprovamos que, em virtude de termos essa base de profissionais adaptados, da facilidade de treinamento e do relacionamento prévio que tínhamos com a Microsoft, a melhor alternativa seria mesmo permanecer com o código proprietário. Se fossemos para o Linux, precisaríamos partir do zero”, comenta.

O processo, no entanto, não foi simples. Como a intenção inicial do tribunal era mesmo a migração para o código aberto, foram realizadas duas provas de conceito para demonstrar a viabilidade do Office 2003 aliado ao Microsoft SQL Server 2000. “A intenção era comprovar se a união realmente poderia resultar em princípios de uma ferramenta de business intelligence”, enfatiza a executiva. Durante a segunda prova de conceito, que envolveu cerca de dez pessoas e foi focada na implementação de aplicações do portal, os técnicos receberam treinamento sobre BI, web services e noções adicionais de .NET.

Um diferencial do projeto também esteve no modelo de contrato firmado com a Microsoft. Como o tribunal já mantinha uma parceria com a empresa para a utilização do Centro de Inovação de Curitiba (PR) – antigo Centro XML – para desenvolvimento de soluções, existiam horas de treinamento não utilizadas, que foram aproveitadas para a nova iniciativa. “Não precisamos realizar investimentos iniciais. Já tínhamos a ferramenta internamente e transformamos algumas horas para o desenvolvimento de softwares básicos para o novo projeto”, conta. A equipe de TI do órgão passou a trabalhar, então, na adaptação dos sistemas ao Office 2003 e, em junho do ano passado o portal foi ao ar com a nova estrutura.

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