A iniciativa, parte de um projeto chamado de Cidade Móvel, foi desenvolvida em parceria entre a Cidade do Conhecimento (instituição da Universidade de São Paulo, USP) e o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). “Utilizamos o conteúdo digital para gerar renda e ocupação às comunidades. Nesse processo, temos a preocupação de valorizar a cultura das comunidades”, afirmou Gilson Schwartz, responsável pelo projeto que teve investimento de R$ 930 mil do ITI.
Para valorizar a cultura, o projeto divulga músicas típicas, utilizadas como ringtones, e também fotos oferecidas como proteção de tela para celulares. Cada vez que o usuário baixa um desses arquivos, por cerca de R$ 3, os índios Xavante recebem uma porcentagem do lucro (confira as instruções em “como baixar nosso conteúdo”).
Além do material produzido pela tribo, o projeto conta com catálogos elaborados por comunidades da Praia da Pipa (RN) e por freqüentadores do Ponto de Cultura Flutuante, um barco com estúdio multimídia que circula entre Amapá, Pará e Amazonas. Como os arquivos acabam de ser lançados oficialmente, ainda não há previsão de quanto as comunidades devem faturar com a iniciativa. Geralmente, as operadoras ficam com cerca de 50% do valor do conteúdo oferecido.
Choque cultural
Schwartz admite que a experiência na aldeia São Pedro foi marcada pelo choque cultural: os participantes do projeto tinham de explicar àqueles que não usam celulares, muito menos computadores, como os ringtones poderiam ajudá-los financeiramente. “Levamos um telefone até a aldeia para mostrar exatamente como seria o projeto. Ensinamos os participantes das oficinas a produzir o conteúdo no computador e, como eles são curiosos, tiveram facilidade para aprender a mexer com os programas”, conta.
Cerca de 20 dos 300 membros da tribo assistiram às aulas, realizadas em 2005, durante três visitas dos paulistanos à aldeia. A tribo também escolheu um índio para liderar o projeto, que visitou a USP no ano passado.
A comunidade autora de seis ringtones tem um PC que funciona com gerador elétrico, pois não há luz no local – essa mesma fonte de energia é utilizada para a TV durante os jogos do Flamengo, time oficial da comunidade. Em breve, quando também tiverem acesso à internet, os índios poderão também acessar a biblioteca de sons, com arquivos gratuitos para aqueles que querem produzir conteúdo digital.
Do G1, em São Paulo
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