Compra do YouTube lembra o auge dos negócios na internet

A Compra do YouTube, anunciada na segunda-feira (10), lembra os bons tempos da internet, no final dos anos 90. O site de vídeos, fundado por dois amigos de menos de 30 anos, não tem nem dois anos de vida, apenas 67 funcionários e não dá lucro. Mas foi vendido por US$ 1,65 bilhão para o maior site de buscas do mundo - o bem sucedido negócio criado por outros dois jovens amigos que, segundo a revista americana Fortune, foram os que enriqueceram mais rapidamente no último ano. O Google, que tem um valor de mercado que passa dos US$ 132 bilhões, pagou pelo YouTube com o que mais tem de valioso hoje, suas ações. O que tornou os dois meninos da Califórnia, Chad Hurley, 29, e Steve Chen, 27, em proprietários de papéis que hoje pela manhã subiam mais do que os das empresas de internet eBay, Amazon.com e Yahoo. Só para ter uma idéia, o valor pago pelo Google é o mesmo que a Sadia ofereceu, este ano, pela Perdigão. O negócio não saiu, mas se fosse fechado, seria o maior do ano no Brasil. Entre empresas do mundo virtual, os últimos grandes negócios mundiais foram de US$ 580 milhões, valor pago pelo império de mídia americano NewsCorp pelo site de relacionamento MySpace, e de US$ 2,6 bilhões, pagos pelo o eBay, site de comércio e leilão eletrônico que no Brasil é dono do MercadoLivre, pelo Skype, o serviço de telefonia pela web que virou febre. “No geral, o preço de uma empresa de internet é avaliado levando-se em conta o quanto de receita ela poderá gerar no futuro”, diz Stelleo Tolda, presidente do MercadoLivre. Não à toa, portanto, o mercado recebeu bem a compra feita pelo Google. Pela primeira vez, a empresa de Larry Page e Segey Brin faz uma aquisição que servirá para aumentar sua receita. “Até agora, o Google havia apenas comprado empresas pensando em absorver tecnologia, como foi o caso da brasileira Akwan”, diz Edson Rigonatti, da Cicerone Capital, especializado em fusões e aquisiões de empresas de tecnologia. Ninguém parece ter dúvidas de como o Google irá ganhar dinheiro com o YouTube. O modelo de negócios de venda de publicidade do site de buscas está amadurecido – o Google, para quem não sabe, cresceu virtuosamente no último ano graças aos links patrocinados, uma forma de vender publicidade na web. Alguns especialistas americanos avaliam que o YouTube – líder do mercado de vídeos online - pode gerar até US$ 400 milhões em receita, em quatro anos. “A expectativa é que só em 2007 sejam US$ 140 milhões”, diz Rigonatti. A segunda razão de o negócio ter sido considerado positivo para o Google é que o YouTube tem um forte perfil de comunidade – e o site de buscas estava carente de uma, o que é considerado falta grave no mundo da internet atual. A comunidade do Orkut nasceu com esse objetivo, mas sua popularidade ficou restrita aos brasileiros. Da mesma forma, o serviço de compartilhamento de vídeos criado pelo Google não deslanchou e nem chega perto da audiência do segundo colocado, o MySpace. G1/Globo.com